Entrevista com Cida e Sérgio Simka, autores de Ninguém sai daqui

1 de novembro de 2025

Cida e Sérgio Simka trazem um gostinho de juventude à literatura de terror.

Ninguém sai ileso de uma boa história de terror.


Boteco: Ninguém Sai Daqui tem um clima que lembra as histórias de suspense da coleção Vaga-Lume — e a capa desta edição foi claramente inspirada naquela coleção —, mas também dialoga com o leitor contemporâneo e que desconhece tais títulos. De onde veio a ideia para essa trama?


Cida: Tivemos a ideia enquanto passávamos um fim de semana na chácara de nossos amigos. O cenário bucólico despertou a imaginação e, antes de o dia surgir no horizonte, estávamos rascunhando o esboço do livro. O livro foi escrito há muito tempo e só agora vem a público pela chancela da Boteco Editorial.


Boteco: Quando e como surgiu a parceria Cida e Sérgio Simka na escrita? Como funciona o processo criativo de vocês? Há divisão de funções ou tudo é construído de forma colaborativa?


Sérgio: Surgiu a partir do momento em que começamos a discutir os projetos de livros, assim como os trabalhos acadêmicos, como oficinas e palestras. Há ideias individuais que culminam em trabalhos coletivos, sem a preocupação da divisão de tarefas. Uma ideia sempre complementa a outra.


Boteco: O livro é ilustrado por Otávio Zaia, e as imagens realmente contribuem para a atmosfera da história. Como foi essa parceria?


Cida: O Otávio Zaia era aluno do Sérgio na faculdade e demonstrava habilidade nos desenhos. A parceria surgiu quando falávamos sobre este livro, e foi feito o convite para que ele fosse o ilustrador.


Um catálogo vasto e variado.


Boteco: O catálogo de vocês é extenso, com livros lançados por diferentes editoras e públicos variados. O que os levou a publicar agora pela Boteco Editorial?


Cida: Sim, temos inúmeras obras como organizadores, e publicado diversos livros na área do terror. O nosso livro Hóspedes do porão recebeu destaque do I Prêmio Aberst de Literatura – Inéditos, da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror. Para você ter uma ideia, o Sérgio idealizou e coordena para a editora Ciência Moderna a série “não é um bicho-de-sete-cabeças” (com hífen, apesar do novo acordo ortográfico), com mais de 35 títulos lançados desde 2008. São livros voltados à área acadêmica. Já acompanhávamos o catálogo da Boteco Editorial. Quando surgiu o edital para envio de originais, não hesitamos em encaminhar o material que, para a nossa felicidade, foi aprovado nas duas fases do certame.


Boteco: Além de autores, vocês são colunistas da revista Conexão Literatura, sempre discutindo temas ligados à literatura brasileira. Como veem o momento atual da nossa ficção, especialmente no gênero de terror?


Sérgio: Como somos professores, percebemos que os leitores mais jovens apreciam muito esse gênero, talvez por despertar a imaginação ao extremo. Em nossa coluna na Conexão Literatura, temos como objetivo entrevistar autores que não têm certa penetração nas mídias, que dão preferência a nomes conhecidos, a grandes editoras e a autores internacionais.


Boteco: Vocês têm outros lançamentos neste ano, incluindo Somos a diferença neste mundo indiferente e A casa de janela estreita. São títulos com tons muito distintos. O que podem adiantar sobre eles?


Cida: Somos a diferença neste mundo indiferente, publicado pela editora Uirapuru (que lançou dois títulos de terror), é uma obra que deveria chegar ao máximo de leitores, por abordar temas como amor, respeito, empatia, bondade etc., ações necessárias em um mundo que favorece a falta de respeito, preconceito, a mesquinhez do ser humano, o orgulho, a vaidade etc. O livro A casa de janela estreita foi selecionado para fazer parte da coleção Portais da Mondru Editora, coleção essa que explora o terror, o suspense, a fantasia e a ficção científica, desafiando as fronteiras do possível e do impossível. Reúne contos ambientados em cenários como casas mal-assombradas, igrejas abandonadas, casarões, com desfechos que vão dar o que falar.


Boteco:
Para encerrar, o que vocês esperam que o leitor sinta ao terminar Ninguém Sai Daqui?


Sérgio:
Esperamos que o leitor se prenda na leitura, porque o livro foi pensado justamente no leitor atual, que gosta de leituras rápidas e emocionantes, com um pingo de mistério.

Ninguém sai daqui está disponível na loja da Boteco Editorial (impresso) e no site da Amazon (em e-book, gratuito para assinantes do Kindle Unlimited).

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Como editor-chefe do Boteco Editorial, eu deveria me manter neutro. Deveria dizer que gosto igual de todas as nossas antologias, que não tem filho favorito, essas coisas. Mas sabe o quê? Isso seria uma grande mentira. Eu tenho predileção pelo terror pulp , pelas narrativas escrachadas, pelo absurdo que não serve a outro propósito senão o de ser inexplicável. Essa é a minha formação no gênero, a bem da verdade. Na minha adolescência, lia revistas de terror em quadrinhos, como a Kripta , a Spektro e a Calafrio . Na televisão, tinha Além da Imaginação e, no cinema, não posso deixar de mencionar o icônico A loja dos horrores , que mistura terror e comédia na dose certa. Mais tarde, vieram Arquivo X , Lost! e, mais recentemente, saiu O gabinete de curiosidade de Guillermo del Toro , com o seu imperdível episódio sobre ratos e ladrões de túmulos. Essa é a minha praia. Não por acaso, o conto que mais gostei de escrever na minha carreira até hoje foi Hiperosmia, que está em Boteco Maldito . Mas quando se trata de antologia, da obra completa, da coisa que se encaixa de tal forma que você olha e pensa: "Mas pode isso?"; daí eu não tenho como não preferir Contos de Além-Mar . A mais nova antologia do Boteco Editorial é o mais puro suco do horror do absurdo. Em seus contos, nada precisa fazer sentido e tudo, no fim das contas, se encaixa perfeitamente. Há quem diga que estão todos mortos, e isto aqui não é spoiler . Há quem diga que tudo não passa de um pesadelo, outros afirmam que Pasmaceiras é o inferno ou o purgatório. Todas essas especulações são válidas e nenhuma delas precisa ser verdadeira. Porque, como já dizia o agente Mulder , a verdade está lá fora . O problema é que, em Pasmaceiras, a verdade parece estar lá dentro das mentes das almas que à ilha foram condenadas. Venha ler o nosso horror do absurdo e crie as suas próprias teorias da conspiração.
Por Clarice 17 de novembro de 2024
Um poema de Clarice. Trilhavam caminhos, entre palavras e emoções, Do inferno ao planalto, em meio ao caos e as paixões, Atrás do tempo, com desmedidas ilusões, Por trilhos infernais, considerando as razões. Nobres escritores, almas perdidas, Por onde vem, por onde vão. Sentados em um Boteco Pedindo a conta ao patrão. Ansiavam por contar, escrever, com fé e sangue, Contos noturnos, trevas desmedidas, Vagando como sombras da morte, Preenchendo realidades por linhas perdidas. Nobres escritores, almas perdidas, Por onde vem, por onde vão. Sentados em um Boteco Pedindo a conta ao patrão. Formando grades que nos separam Da eterna dúvida ou da desilusão, Do amor e da guerra entre personagens Com metáforas e macabras intenções.
Por Alvaro Rodrigues 17 de novembro de 2024
Em 2021, nascia a primeira antologia do Boteco Editorial. A origem do “boteco” no Brasil remonta a um passado onde o simples ato de ir a um estabelecimento para comprar produtos essenciais evoluiu para um ritual social mais amplo. A palavra “boteco” é um diminutivo de “botequim”, que por sua vez deriva de “botica”, uma antiga loja de variedades que vendia de tudo um pouco. À medida que o tempo avançava, as boticas começaram a oferecer algo mais para os seus fregueses: aperitivos e bebidas. Esse simples adendo transformou-as em locais de encontro mais informais e acolhedores, especialmente em um período em que muitos bares eram vistos como ambientes impróprios para “homens de família”. As boticas, portanto, assumiram um papel social mais significativo, sendo frequentadas não apenas por necessidade, mas também pelo prazer da companhia e da conversa. Elas se tornaram um ponto de encontro essencial, um espaço onde a vida cotidiana e as relações sociais se entrelaçavam. Um recorte de vida. Nos dias de hoje, o conceito de boteco preserva essa essência de informalidade e proximidade, sendo o lugar ideal para conversas descontraídas e boa companhia. É nesse espírito que surge a Boteco Editorial, uma editora que se propõe a ser a mais nova, irreverente e acolhedora casa da ficção especulativa no Brasil. Assim como os antigos botecos eram o coração pulsante das comunidades locais, a Boteco Editorial pretende ser o núcleo vibrante da criatividade literária.  Nesta nova botica literária, autores, blogueiros e leitores se reúnem para criar e explorar mundos imaginários, construir narrativas inovadoras e celebrar a literatura especulativa com a mesma paixão e camaradagem que caracterizavam os botecos tradicionais. A Boteco Editorial é mais do que uma editora; é um espaço colaborativo e acolhedor onde as ideias fermentam e os sonhos literários ganham vida, refletindo a rica tradição de encontros que começou nas velhas boticas e continua a prosperar hoje. A antologia de estreia da casa não poderia ser outra: Boteco Maldito . Um ambiente deveras soturno, com pegadas Pulp, que eternizou um personagem, que mesmo sem ser protagonista, protagoniza nossa editora: Perpétuo. Reza a lenda que o dono do bar é imortal e que todo o tipo de coisas sinistras acontece em seu estabelecimento. Para entender como nossos autores ofertam os petiscos de horror para seus leitores sóbrios ou ébrios, você precisa garantir essa edição. Um brinde!
Por Erika Lyrio 17 de novembro de 2024
Muito se fala no Brasil sobre amar o período das famosas festas juninas. Pouco se fala sobre sua origem. As festas são uma das tradições culturais mais populares do nosso país , principalmente na região Nordeste, embora sejam celebradas a nível nacional. Elas fazem referência a três santos católicos: São João (24 de junho), Santo Antônio (13 de junho) e São Pedro (29 de junho). A origem dessas festas nos leva de volta às festividades europeias pagãs de celebração do solstício de verão, que foram adaptadas à cultura brasileira com a colonização portuguesa. Sim, meus amigos! Festa pagã, que muito depois começou a ter o conceito atrelado ao catolicismo. As festas juninas são um momento de celebração da cultura popular, das tradições rurais e da religiosidade, unindo pessoas de todas as idades em uma grande comemoração com danças ensaiadas e quitutes sazonais. E nós do Boteco, como amamos um desafio, achamos interessante a ideia de trazer um outro viés desse período tão amado por todos. E foi assim nasceu o nosso São João Macabro . Seus contos cheios de mistério, crimes e situações paranormais, chegaram com tudo para os nossos leitores, mostrando que melhoramos a cada dia em nossos desafios. Se você quer conhecer o que acontece por trás das quadrilhas e panelas canjica, te convidamos a entrar em nosso arraiá.